Saudades

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Estava procurando explicação para um vazio que sinto dia-a-dia, principalmente aos fins de semana. Vazio este que mais parece um abismo; abismo entre a felicidade do companheirismo e a tristeza da solidão; solidão de uma vida sem amigos, sem tempo, sem disposição... sem outras necessidades básicas; não básicas de vida, no sentido de sobrevivência; mas sim no sentido de felicidade (felicidade coletiva), onde a vida é desfrutada entre os amigos, a família e conhecidos que fazem parte do seu cotidiano.
Dias de trabalho que mais parecem um dia de festa... gargalhadas e sarros entre colegas de labuta, porém, sem esqucer das obrigações, dos deveres. Quem tem a cabeça fechada ou simplismente vive outra rotina, rotina sisuda de gravatas e ar condicionado, talvez não compreenda e até veja essa rotina e esses operários como irresponsáveis, preguiçosos...
Quem dera eles, conhecessem e se entregassem ao verdadeiro gozo de viver, aí então compreenderiam que a vida foi feita para viver de forma menos severa, sem tantos horários, filas e tudo o que massacra os escravos do sistema, sistema imposto pela ganância, a soberba e a vontade de ser supremo à vontade alheia.

Hoje vejo a falta que faz aquela vida "irresponsável"... gargalhadas, sarros, tempo livre.
Vinícius de Morais estava certo quando escreveu o texto a seguir:

"Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos...

Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim... do companheirismo vivido... Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre...

Hoje não tenho mais tanta certeza disso. Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nos e-mails trocados...

Podemos nos telefonar... conversar algumas bobagens. Aí os dias vão passar... meses... anos... até este contato tornar-se cada vez mais raro. Vamos nos perder no tempo...

Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas? Diremos que eram nossos amigos. E... isso vai doer tanto!!! Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!

A saudade vai apertar bem dentro do peito. Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente... Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos reuniremos para um último adeus de um amigo. E entre lágrima nos abraçaremos...

Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado... E nos perderemos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...

Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores... mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!!!"

Vinícius de Morais


"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."

Charles Chaplin

 

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